Violência,
Injustiça e Impunidade no Maranhão.
Por
Raimundo Flor Monteiro.
Permanece a Violência, Injustiça e impunidade no
Maranhão. Raimundo Santos Rodrigues (57) que atuava em defesa da
Reserva Biológica do Gurupi denunciava os crimes contra a
floresta. Ele e a mulher Maria da Conceição Chaves
Lima foram vítimas de uma emboscada, tinham ido fazer compras em
Buriticupu.
Sobre
o conflito de terra eu, ainda muito jovem, lia na revista Comissão Pastoral da Terra
- MA (1990) que, entre 1987 e 1989, nos três primeiros anos do governo Cafeteira
– João Alberto, a CPT-MA (Comissão da Pastoral da Terra) documentou 147 conflitos, envolvendo 121.652 pessoas.
24 assassinatos de lavradores e aliados de lutas pela terra; 63 ameaças de
morte contra agentes pastoras, sindicalistas e advogados; 18 tentativas de
assassinatos; 39 casos de torturas; 109 prisões legais; 419 pessoas agredidas
fisicamente; 1.044 impedidas de ir e vir e 18 sequestros. Naquele ano de 1990 o
quadro foi dramático: 16 lavradores assassinados, 19 ameaças e tentativa de
morte, 58 casas destruídas, 2546 famílias ameaçadas de expulsão, 769 famílias
vítimas de despejo judicial, 276 roças destruídas, 15 prisões legais e 1.367
pessoas agredidas fisicamente.
Vi muitas vezes o prof. de História Frei Solano, quando eu estudava no Colégio NSa dos Anjos, denunciar que existia uma guerra civil velada no campo do Estado do Maranhão. Na época eu não entendia porquê, e ele pacientemente me explicou: as emissoras de rádio não divulgam, a televisão não vê e os jornais apenas ignoram as chacinas no campo. Apenas os familiares desses verdadeiros heróis anônimos é que sentem a falta deles. Eles são ainda o resto de esperança neste País e por isso pagam com a própria vida a defesa da liberdade campesina.
Acorda Estado Brasileiro! cadê a justiça dos homens de toga? Não deixem que a instituição do judiciário, apenas recebam gordos, poupudos e altíssimos salários sem trabalhar. Não deixem que essa democracia tupiniquim e esse falido estado de direito, liberdade e justiça seja apenas um registro na nossa Constituição Federal. Até quando vai rolar por terra o sangue dos inocente? segue um relado do Dr. Cabral.
Vi muitas vezes o prof. de História Frei Solano, quando eu estudava no Colégio NSa dos Anjos, denunciar que existia uma guerra civil velada no campo do Estado do Maranhão. Na época eu não entendia porquê, e ele pacientemente me explicou: as emissoras de rádio não divulgam, a televisão não vê e os jornais apenas ignoram as chacinas no campo. Apenas os familiares desses verdadeiros heróis anônimos é que sentem a falta deles. Eles são ainda o resto de esperança neste País e por isso pagam com a própria vida a defesa da liberdade campesina.
Acorda Estado Brasileiro! cadê a justiça dos homens de toga? Não deixem que a instituição do judiciário, apenas recebam gordos, poupudos e altíssimos salários sem trabalhar. Não deixem que essa democracia tupiniquim e esse falido estado de direito, liberdade e justiça seja apenas um registro na nossa Constituição Federal. Até quando vai rolar por terra o sangue dos inocente? segue um relado do Dr. Cabral.
(Por Diogo Cabral, advogado CPT/MA)
http://www.cptnacional.org.br/index.php/publicacoes/noticias/artigos/2673-violencia-no-campo-impera-no-estado-do-maranhao?highlight=WyJtYXJhbmhcdTAwZTNvIl0=
1. No dia
16.06.2015, a liderança rural Francisco de Souza dos Santos, do território
Campestre, zona rural de Timbiras (MA), sofreu tentativa de homicídio quando
retornava para sua casa, localizada no Povoado Canafístula. Francisco vinha
sendo ameaçado de morte há algum tempo por conta de sua luta pela emancipação
do território tradicional ocupado por mais de 300 famílias. Em que pese
referida situação, não se tem notícia de instauração de Inquérito Policial a
fim de apurar tal crime, notadamente um crime político. Vale lembrar que em
fevereiro de 2014, nesse mesmo território, Raimundo Brechó, também liderança
camponesa, foi barbaramente assassinado, em razão do conflito, que perdura há
mais de 30 anos, sem que o Estado intervenha para acabar com essa
situação.
2. Na
comunidade quilombola de Aldeia Velha, localizada em Pirapemas (MA), tratores destruíram
o território quilombola, que é ocupado há anos por mais de 150 famílias. Apesar
das várias denúncias e solicitações feitas pela Comissão Pastoral da Terra
(CPT), em maio de 2015, ao governo do Maranhão e
ao governo federal, não foi instaurado inquérito policial para investigar
crimes ambientais e milícias rurais comandadas por fazendeiros da região, que
ameaçam constantemente os quilombolas, com armas de toda a espécie. Mais
recentemente, a própria Promotoria Especializada em Conflitos Agrários do Maranhão encaminhou Ofício de Nº 84/2015,
datado de 26.06.2015, solicitando ao Estado do Maranhão,
por meio da Secretaria de Segurança Pública, que apurasse a responsabilidade
criminal, face a existência de indícios de crimes contra os moradores posseiros
da mencionada área em que se concentra o conflito, bem como crimes ambientais e
possivelmente formação de milícia armada (artigo 288-A do Código Penal). No
entanto, até o presente momento, nenhuma viatura policial foi até o local do
conflito a fim de realizar as designações do Ministério Público do Maranhão.
De janeiro até junho, as lideranças quilombolas já fizeram uma centena de
registros de ocorrências, todos sem nenhum tipo de andamento.
3. O Poder Judiciário do Maranhão expediu, em 24 de junho de 2015, por
intermédio das Comarcas de Urbano Santos e Coelho Neto, respectivamente, duas
ordens de despejo contra as comunidades de Guarimã (zona rural de São Benedito
do Rio Preto) e Feitoria (Duque Bacelar), situação esta que culminará com o
desalojamento de pelo menos 60 famílias camponesas que trabalham e vivem nessas
áreas há mais de 100 anos e que dependem, única e exclusivamente, da Terra para
sobreviverem. Os despejos poderão ocorrer a qualquer instante. As áreas são
disputadas por produtores de soja (Guarimã) e cana-de-açúcar (Feitoria).
4. Em
26.06.2015, a liderança indígena do povo Kaapor, Kapiti Kaapor, foi perseguido
por homens armados que, em ato contínuo, apontaram armas para sua cabeça numa
tentativa de intimidação da liderança. O índio tem participado ativamente da
luta pela retirada dos madeireiros do interior da Terra Indígena Alto Turiaçu.
Em 09.06.2015, a Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA encaminhou Ofícios ao
Ministério Público Federal, Polícia Federal e à Secretaria de Segurança Pública
do Maranhão para que os órgãos tomassem as devidas
providências quanto à onda de violência e selvageria realizadas contra o Povo
Kaapor, que vitimou, em 26 de abril de 2015, Eusébio Kaapor, crime este que
sequer foi esclarecido. No entanto, apesar da escalada de violência,
patrocinada por prefeitos e fazendeiros da região de Centro do Guilherme, Maranhãozinho
e Centro Novo do Maranhão, o Estado nada fez, restando aos
guerreiros Kaapor violência bruta e impunidade.
5. Em
28.06.2015, por volta das 14 horas, vários homens armados e com coletes balísticos
com o emblema da Polícia Militar do Maranhão, invadiram o Assentamento Campo do
Bandeira, localizado em Alto Alegre do Maranhão, área ocupada por dezenas de
camponeses, e incendiaram casas e depósitos de arroz. Além do incêndio
criminoso, os pistoleiros atiraram em vários bens das famílias. A área em
conflito decorre de um litígio que envolve a fazenda Caxuxa Agropastoril. Os
trabalhadores rurais já foram despejados pelo menos sete vezes. Além disso, já
foram registradas pelo menos 32 ocorrências policiais, no entanto não há um
inquérito tramitando na delegacia local, apesar da gravidade da coação sofrida
pelos lavradores há anos, realizada por organização paramilitar.
Diante deste histórico cenário
trágico, que atesta as reais condições de vida do campesinato maranhense, se faz necessário que o governo do Maranhão determine
a constituição de grupo de delegados para investigar as condutas criminosas
aqui especificadas, o mais rápido possível, tendo em vista que nas cidades em
que ocorreram esses crimes não há estrutura alguma para garantir as devidas
investigações. Além disso, é necessário que a Polícia Militar atue
preventivamente nos locais de maiores concentrações de conflitos agrários,
especificamente em Codó, Timbiras, Alto Alegre do Maranhão,
Duque Bacelar, Coelho Neto, Pirapemas, São Benedito do Rio Preto, Centro Novo
do Maranhão,
Centro do Guilherme, Maranhãozinho.
Todavia, não sendo possível
o envio de policiais militares para essas localidades, é necessário que o
governador do Maranhão solicite
ao Ministro da Justiça agentes da Força Nacional para intervir nos conflitos
agrários que estão camuflados preste a explodir a qualquer momento. Igualmente, que o Ministério Público Estadual instaure procedimentos
a fim de verificar os crimes aqui relacionados, tendo em vista a gravidade da
situação elencada e, finalmente, que o Poder Judiciário do Maranhão,
por meio dos Juízes Cristiano Simas (que responde interinamente pela Comarca de
Urbanos Santos) e Raquel Castro Teles de Menezes (titular da 1º Vara da Comarca
de Coelho Neto) suspendam as decisões contra as famílias camponesas,
respectivamente de Guarimã (Processo Nº 13772014) e Feitoria (Processo
Nº4522015), visto que as famílias dependem da terra para sobreviverem.
Trazemos, para concluir, o que a revista Conflitos no Campo (1990, p 04) “a estrutura
agrária do Brasil é uma das mais concentradas e arcaicas do mundo. Nenhuma nação
pode ser considerada moderna, desenvolvida ou socialmente justa com a
perpetuação de um modelo de desenvolvimento que exclui milhões de cidadãos de
seus mais elementares direitos”. Sei que as instancias de poder do Estado são independentes, mas, eu jamais pensei que no governo do PC do B, apesar dos esforço de Flávio Dino, as estruturas do judiciário do Estado do Maranhão, em função do enfraquecimento do judiciário Federal, se tornassem praticamente inoperantes quanto a Violência, a Injustiça e a Impunidade no Estado do Maranhão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário