sábado, 20 de dezembro de 2014

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E NANOTECNOLOGIA NO SENAI-MA?

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E NANOTECNOLOGIA  NO SENAI-MA?


Por Raimundo Flor Monteiro

       A evolução da ciência, da microscopia eletrônica e da manufatura são fortes determinantes causais do atual modo de produção flexível. Portanto, são determinantes para que o SENAI potencialize qualitativamente seu modo de formação profissional. Para tanto, educar um novo profissional capaz de responder eficazmente a novos processos, produtos e serviços, em escala industrial, no campo da nanociência que se vetoriza em escala exponencial.
      A nanotecnologia é hoje uma realidade nos diversos tipos de indústria que vai da indústria de alimentos até a do vestuário. Torna-se óbvio que se o SENAI é um provedor de soluções para os problemas da indústria, então, no que tange a necessidade da indústria de formação de técnicos especializados, deve formá-los com conhecimentos que abrangem a nanotecnologia.
     Segue alguns requisitos: como a nanociência está distribuída em vários campos do saber, então cada estudante do SENAI deve ostentar as competências necessárias ao pronto desempenho em atividades que requer a inserção da nanotecnologia; quais dos muitos fenômenos que ocorrem na natureza são explicados pela nanociência e podem ser potencializados; então, a nanociência é o mundo que acontece entre os átomos e as moléculas; e, se a tecnologia é a aplicação prática da ciência em produtos e serviços então a nanotecnologia é resultante da aplicação prática da nanociência que produzirá nanoprocessos, nanoprodutos e nanoserviços. Tá claro?
      Nano é um prefixo grego “nannós” e sinifica diminuto, pequenez. Um nonometro (nm) corresponde a  bilionésima parte do metro. Assim, a nanociência é o mundo que acontece minúsculo mundo dos átomos e moléculas e a nanotecnologia é a manipulação real, aplicação e uso de objetos, produtos e serviços de tamanho nanométrico em diversos campos do conhecimento e da produção.
     Há fenômenos da natureza que se manifestam e que somente podem ser explicados através da nanotecnologia, como por exemplo: como as lagartixas sobem tão facilmente nas paredes; a beleza da variedade de cores das borboletas subjaz a nanociência; a característica da flor de lótus de não absorver líquidos; o mistério da luminescência dos vagalumes. A partir da explicitação de fenômenos da nanociência podemos gerar industrialmente processos, produtos e serviços úteis aos serem humano. Essa determinante da produção industrial constitui um vetor que atua diretamente nas escolas do SENAI obrigando os pedagogos e os técnicos a incluírem, em caráter de urgência, esses conhecimentos nos currículos e programas, uma vez que o perfil profissional do formando se altera.
        O Departamento Regional do SENAI e a Superintendência do SESI de São Paulo saíram na frente com o programa de Educação em Nanociência e Nanotecnologia em todos os níveis de educação, que inclui os discentes do fundamental e médio do SESI-SP e dos cursos técnicos do SENAI-SP. Ricardo Terra, diretor técnico do SENAI-SP que dirige o programa afirma que “para além de uma tabela periódica em que combinações de elementos geram moléculas”. Hoje, uma nova dimensão do conhecimento “nano” permite criar novas moléculas não existentes, abrindo possibilidades para adentrar a uma novíssima dimensão do conhecimento, até então desconhecida. Desconhecida em termo, uma vez que as grandes potências hegemônicas EUA, Alemanha e França são protagonistas nesse campo. Dessa forma, se não nos apressarmos, mais uma vez, estaremos correndo o risco de perdemos o trem da história. Esse imperativo categórico (Kant) impõe as escolas técnicas e universidade do Brasil o dever de bem forma o nosso capital intelectual, seja de educação profissional de nível técnico ou de nível tecnológico com a inserção curricular da nanociência e da nanotecnologia.
       Assim, compreender a hidrofobia da flor de lótus, bem como a percepção das cores da asa da borboleta dos fenômenos de reflexão e reflação na estrutura molecular culminando no processo de iridescência, dentre outros processos que ocorrem no mundo da nanociência que são descobertos gerando a nanotecnologia em diferentes áreas do saber humano.
Inserção curricular da nanotecnologia
R.Terra (2013, p.31) explicita que no âmbito do SESI-SP, na pré-escola, o 1º passo é aprender os conceitos de nanotecnologia. No ensino fundamental está distribuído nas aulas de ciências que conta com a um recurso didático, um DVD, desenvolvido em parceria com a universidade do Taiwan. No ensino médio ocorre pela aplicação do tema na área da ciência do 10 elevado a menos nove com impacto direto na vida das pessoas uma vez que se trata de processos e produtos. No âmbito do SENAI-SP acontece pela inserção de um itinerário formativo inicial de 20h possibilitando a imersão teórico-prática em nanotecnologia.
Impacto econômico da nanotecnologia
Para Paulo Skaf (2013, p. 35) a expansão da nanotecnologia no mercado de produtos da ordem de US$ 135 bilhões em 2007, com probalidade de alcançar mais de US$ 263 bilhões ou mais nos próximos anos. A partir de 2015 o mercado mundial estima um fluxo de capital da ordem de US$ 3,1 trilhões. Sua aplicação dar-se na produção de produtos e serviços têxteis, novos materiais, medicamentos, alimentos, indústria automotiva e aeroespacial. No cenário, apenas integramos o grupo dos 35 países líderes no segmento. Entre os BRICs estamos atrás da Rússia, China e Índia.
     A exemplo do Departamento Regional de São Paulo, o SENAI, Departamento Nacional deve, de imediato, gerar as condições corporativas de caráter institucional, para incluir nos itinerários formativos do SENAI a unidade curricular de nanociência e nanotecnologia, com vistas a ampliar qualitativamente a formação dos jovens e adultos para o mundo do trabalho.
A inserção da nanotecnologia no currículo dos cursos técnicos representa um diferencial competitivo para o SENAI enquanto maior instituição formadora de jovens e adultos para o trabalho industrial no Brasil. É este diferencial competitivo que nos permitirá oxigenar nossos mantenedores para, aos poucos, superarem fortes concorrentes detentores tecnológico de um know how considerável. São os detalhes da formação profissional qualitativa que nos manterão na hegemonia e no respeito que a sociedade brasileira tem por nós do SENAI.
        Para além do Desenho Curricular, um projeto institucional, incluindo todos os regionais, de desenvolvimento competitivo demandará um investimento maior em ciência e tecnologia, como condição efetiva para a universalização dessa nova dimensão de conhecimento na educação profissional. Aparelhar o sistema educacional do SENAI com infraestrutura física, laboratorial e humana torna-se condição sine qua non. Incluir a nanociência nos cursos técnicos do SENAI significa sair da zona de conforto cultural, social e do mundo do trabalho para nos darmos condições de formar jovens capazes de enfrentar, no seio do trabalho, os forte concorrentes da indústria internacional nesse mundo globalizado.
SOMO TODOS SENAI! Um forte abraço!!

Raimundo Flor Monteiro
Especialista em Educação Profissional
SENAI-MA


Referenciais
LD. Linha Direta. Inovação-Educação e Gestão. Edição 184. Ano 16. Julho de 2013
http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/ciencias-exatas-informatica/nanotecnologia-687230.shtml