sábado, 7 de março de 2020

103 ANOS DE BACABAL, PARABÉNS!

103 ANOS DE BACABAL, PARABÉNS!
Por: Raimundo Flor Monteiro

      Marco situacional de Bacabal
   A cidade de Bacabal é um município situado na macrorregião do Leste Maranhense com área estimada em 1.609 km2. Após passar por vários desmembramentos históricos nos últimos anos a cidade passou a limita-se com os municípios de Vitória do Mearim, Lago Verde, São Luís Gonzaga, Lago do Junco, Coroatá, São Mateus do Maranhão, Olho D’Água da Cunhãs e Pio XII. 
      Situação climática
    O clima é quente, úmido, com temperaturas quase constantes com máximas de 35° e mínimas de 30°C. O período normal de chuvas prolonga-se de janeiro a junho. 
     Posição geográfica
   É na mesorregião do leste maranhense e na microrregião do Médio Mearim que o município de Bacabal está situado. Seu território está quase todo localizado na área denominada “Superfície Maranhense de Testemunhos”, com o relevo correspondendo a uma superfície modelada em rochas cretáceas com alguns testemunhos tabulares. Detentor de uma área de 1.444  quilometro quadrados, a sede municipal localiza-se nas coordenadas geográficas de 4 graus, 14 minutos e 12 segundos de latitude sul e longitude de 44 graus, 43 minutos e 50 segundos a oeste de meridiano de Greenwich a uma altitude de 38 metros. A cobertura vegetal primitiva predominante era do tipo floresta estacional perenifólios com babaçu e campo brejoso. 
     O topônimo "Bacabal"
   Originou-se da extensa vegetação que cobria abundantemente sua extensão de terras. Ou seja, de plantas denominadas de "bacabeiras" – uma espécie de palmeira - existentes na localidade, quando de sua fundação em uma dinâmica Vila.
    Hoje, a palmeira que deu o nome à cidade está praticamente extinta devido ao extrativismo, enquanto os campos foram tomados pela rizicultura. 
    Entre os principais acidentes geográficos, o principal é o "Rio Mearim" que, atingindo o município pela parte sul na localidade de lugar Vila Velha, alcançando o norte em Lage do Curral, prosseguindo até o limite com Vitória do Mearim. 
    O Rio Mearim, em função das estradas federais e estaduais, perdeu a condição de prioritário quanto a navegação. Contudo, ainda preserva a condição de navegável e bastante piscoso. Ele foi, até o advento das rodovias, o único veículo natural de comunicação do município. Não obstante, há também o igarapé Ipixuna, piscoso, que penetra na parte sul do Município, atravessa a rodovia BR-316 e deságua no Mearim, com o nome de Ipixuna Açu.
    Quanto ao limites, a cidade tem Olho D'água das Cunhãs, Lago Verde e São Mateus ao Norte; Ao Sul São Luís Gonzaga; Ao Oeste Bom Lugar; A Leste São Mateus e Alto Alegre.
    Situação Demográfica
  Bacabal, até a década de 1970, apresentou extraordinário surto demográfico especialmente nas décadas de 1950 e 1960. Em 1950, segundo o recenseamento, a população do município era de 54.949 habitantes. De acordo com o censo de 2000, a população se compunha de 91.823 pessoas habitantes, sendo 44.052 homens e 47.771 mulheres. Deste total de habitantes, 71.408 residem na zona urbana e 20.415 na zona rural. Em 2002, a população estimada de Bacabal era de 93.263 habitantes, apresentava densidade demográfica de 63.74 habitantes por quilometro quadrados, com uma taxa de crescimento de 0,52 por cento ao ano. 
    A descoberta da cidade
   Em 1613 inicia-se a história da ocupação da hoje denominada região do Médio Mearim e tem início ainda ao tempo da Invasão Francesa (1612-1615) quando Daniel de LaTouche, senhor de LaRaverdiére. Em 1613, mandou ao Rio Mearim, em expedição de reconhecimento, quarenta franceses para buscar os índios Tabajaras que estavam a duzentas léguas da Ilha de São Luís. Daniel de LaTouche autorizou ainda mais quatro viagens às cabeceiras desse Rio Mearim. Nessas incursões consegue trazer para a Ilha de Upaon-Açú os aguerridos índios Tupinambás.
    Dos primórdios da fundação de Bacabal
   Data de 1750, por ordem do Rei de Portugal, o Governador Francisco Pedro de Mendonça Gurjão (1751-1757) organizou expedições exploratórias às cabeceiras do rio Mearim. Estas expedições foram acompanhadas por padres jesuítas. Já no Século XIX e no início século XX, a nação Timbira, que habitava as campinas do sul do Maranhão teve seu território invadido por sertanejos nordestinos que, com seus rebanhos bovinos, apossaram-se das áreas de pastagem nativas de frente interior apropriadas para a criação de gado. Diante da expropriação de seus territórios os índios passaram a viver sem lugar fixo, mas onde quer que se instalavam, logo seus perseguidores vinham em seu encalço. 
  Os Timbiras, expropriados de suas terras passaram a trazer insegurança e transtorno para os colonizadores, que aqui já se encontravam vivendo da lavoura do algodão, milho, arroz, mandioca e mamona, em terras que antes, eram suas. 
    O historiador Neto (1980), relata que a história de Bacabal inicia-se no século XIX, antes de 1830, com a "instalação de uma colônia indígena chamada "Colônia Leopoldina" que mais tarde se tornaria uma próspera fazenda agrícola de produção". Os nativos da região, os que habitavam nos povoados Boa Vista da Tábua e Aldeia do índio, não deixaram de esboçar resistência. 
      Nasce o povoado de Bacabal
    Em 1839 instala-se às margens do Mearim o Senhor José Machado, iniciando-se um povoado que seria conhecido como “Localidade Machado”, depois “Vila Velha”, hoje, São Luís Gonzaga. Entre uma e outra denominação, chamou-se “Ipixuna”. João Machado foi quem fundou o primeiro porto de navegação da cidade, denominado popularmente de “Porto do Machado”. Esse ano é dado como o da fundação da Freguesia (hoje) de São Luís Gonzaga, da qual o povoado de Bacabal fazia parte, segundo distrito Policial. Neste ano, pela Lei no. 85, de 02 de julho, o Governador Manoel Felisberto de Sousa e Melo criou três “Missões” ou aldeias indígenas. Existiam bem próximo à Vila Velha do Machado, algumas tribos indígenas: Carauzés, Pobeges, e Timbiras, e uma colônia de silvícolas - a Colônia Leopoldina – situado no povoado Matão, próximo à paragem Bacabal.
     Nasce a Vila de Bacabal
   1854: o presidente da Província, Eduardo Olímpio Machado, delibera sobre a situação dos índios Timbiras que deixavam as cabeceiras dos rios Mearim e Grajaú e se arriscavam nas fazendas localizadas nas margens desses rios. Nomeia para diretor da Colônia Leopoldina uma pessoa de sua inteira confiança que era o subdelegado do distrito de Bacabal, Lourenço Vieira, depois condecorado como coronel da Guarda Nacional que mais tarde tornara-se fundador da Vila de Bacabal. A instalação da Colônia Leopoldina, localizada nas proximidades do distrito de Bacabal, ocorreu no governo Olímpio Machado, e em função de atos hostis praticados pelos indígenas na fazenda do tenente-coronel José Caetano Vaz Júnior. Este fato está descrito em “A habitação dos Timbiras”, do indigenista Curt Nimeundaju (alemão, com adoção de nome indígena), publicado em 1944 e que identificavam os Timbira Orientais do norte vivendo nos cursos inferiores dos rios Mearim e Pindaré. No Mearim, eram os Krenyê de Bacabal (núcleo urbano junto ao qual eram habitantes), os Kukoikateyê e, possivelmente, os “Pobzé”. 1857 A Colônia Leopoldina, regida pelo Regulamento Provincial de 11 de abril de 1854, destinada ao aldeamento de índios Crenzés (Carauzés) e Pobés (Pobeges), foi dirigida pelo padre alemão Carlos Winkler. Em um seu relatório, esse padre afirmava que a colonização dos índios, como vinha sendo feita, causava muitos prejuízos. Propôs a sua substituição pela colonização estrangeira.

Em 1867 surge relatos na Vila de Bacabal que indicavam a existência de 671 índios no alto Mearim (hoje, Médio Mearim). 1876  Registro da primeira ação de povoamento de Bacabal, iniciada pelo coronel Lourenço Antônio da Silva, depois consolidada por outro coronel, de nome Raimundo Alves de Abreu. O coronel Lourenço Antônio da Silva, oriundo de Portugal, fundou uma fazenda às margens do Rio Mearim, onde hoje é a Praça de Nossa Senhora da Conceição, para o cultivo do algodão, arroz e mandioca. Lourenço da Silva também trouxe para o local seu irmão João Lázaro da Silva, que se instalou na localidade, precisamente na área compreendida pelo atual Bairro Juçaral.

No período de 1876-1878 o historiador Neto, narra que até 1876, as tribos dos Guajajaras e Crentes, essa última de origem desconhecida, habitavam a região do médio Mearim, exatamente na região onde está localizada Bacabal. Suas malocas situavam-se onde hoje é o atual bairro do Juçaral.
A existência belos rios e lagos fartos em águas límpidas e muito peixe, em uma vasta região de planície caracteriza pela riquíssima flora e fauna fizeram brotar as primeiras vias de acesso que possibilitou a chegada do Coronel português Lourenço da Silva em 1876, naquela região encontrou o ambiente ideal, propício para a instalação de sua fazenda, destinada ao cultivo da mandioca, feijão, milho, mandioca e algodão. Onde hoje é a atual praça Santa Terezinha, antes denominada Praça de Nossa Senhora da Conceição, situava-se a fazendo a fazenda que deu origem a cidade.

No ano de 1877 ocorreu uma grande seca que provocou uma alta corrente migratória de povos de toda região Nordeste em direção ao Estado do Maranhão, cujo fluxo maior se dirigiram à região do Alto Mearim. Para atender esse forte fluxo migratório, em 1878 foi criada a Colônia Flores, às margens do Mearim, na confluência do Rio Flores. Outras localidades beneficiaram-se daquele movimento migratório, além de Pedreiras. Bacabal recebeu centenas de famílias que se estabeleceram às margens do Mearim, iniciando um processo de natural de colonização.

Já em 1882 o Diretor-Geral dos Índios da Província do Maranhão, Trajano A. Valente, informou que a Colônia Leopoldina contava com 226 índios, que plantavam algodão, arroz, milho e mandioca, fazendo seu próprio custeio. Nesse período a Colônia era dirigida por Raimundo Alves de Abreu, pai do Coronel Manoel Alves de Abreu.

As consequências da Lei Áurea assinada pela princesa Isabel impactou fortemente o empreendimento que era a fazenda do Coronel Lourenço da Silva, fazendo-o entra em decadência, uma vez que a mão de obra que tocava a fazenda era do tipo negra e escrava e auxiliada pelo trabalho subserviente dos indígenas. Desse modo a fazenda foi vendida ao também português, o Coronel Raimundo Alves de Abreu que, habilidoso, passou a produzir pelo braço da "mão de obra livre", passando a ser conhecida como "Sítio dos Abreus".

O ano de 1888 marca, portanto, a abolição da escravatura. Ano em que houve o declínio das fazendas da região ocasionando o repasse para outros proprietários. Nesta ocasião destacou-se o também fazendeiro, de origem portuguesa, coronel Raimundo Alves de Abreu, pai do coronel Manoel Alves de Abreu e do fazendeiro Francisco Alves de Abreu, que através do denominada fazenda situada no “Sítio dos Abreus”, ousou produzir com mão de obra livre, logrou êxito e prosperidade nos negócios da fazenda, período em que inicia-se a atração de pessoas para a região, principalmente do Nordeste, devido à seca que então se agravava. Essa migração contribuiu muito para o desenvolvimento agrícola. O Coronel. Raimundo Alves passa a comercializar com esses trabalhadores livres e com os índios, com suas malocas que ficavam situadas na altura do bairro do hoje Juçaral.

O ano de 1895 trás em seu histórico o florescimento do comércio de Bacabal, que atraiu imigrantes e estes, com seu trabalho, fizeram desenvolver a produção na fazenda "Sítio dos Abreus". Houve, dessa forma, o aumento populacional que provocou a necessidade de rápida ligação entre o povoado, que então exponencialmente se formava e a Capital São Luís. O fato enche os olhos das autoridades da época que, entusiasmadas, com as benesses econômicas, buscam na tecnologia o suporte ideal para corroborar com o crescimento. Assim, inaugurando-se um Posto do Telégrafo Nacional, na sede da fazenda, Sitio dos Abreus, em 1895.

O primeiro ano da primeira década, ou seja o ano de 1901, no governo estadual de João Gualberto Torreão da Costa, foi autorizada em acordo com a Diretoria Geral dos Telégrafos a construção de uma linha telegráfica partindo de Bacabal, margeando o Rio Mearim, até Barra do Corda.

Em 1913, Bacabal passa a ser estratégico para o Maranhão, pois aqui foram criadas as Coletorias Federal e Estadual.

Em 1916, ainda vinculado a São Luís Gonzaga, o Intendente do Município Francisco de Abreu, conhecido pela alcunha de "Chico Abreu", trouxe do povoado Urubu ou Mata-Fome, do distrito de Bacabal, seu irmão mais moço, chamado Manoel Alves de Abreu, que ali vivia de pequeno comércio, para auxiliá-lo em seus negócios particulares. Manoel Abreu cresce politicamente, vindo a dominar a região por mais de três décadas.

Dados histórico confirmam que em 1920 Bacabal é elevada à categoria de Vila, através da Lei Estadual de número 932, de 17 de abril, assinada pelo então governador do Estado Urbano Santos Costa Araújo, passando a se chamar de "Bacabal dos Abreus", gozando de ter, a partir daquele momento, seu território desmembrado do distrito de São Luiz Gonzaga. A instalação oficial do Município de Bacabal ocorreu poucos meses depois, em 07 de setembro de 1920, como já citado, com o seu território demarcado e desmembrado do município que era sede, São Luís Gonzaga, naqueles idos denominado de "Ipixuna".

Naquele período histórico, Bacabal apresentava, em termos demográficos, cerca de 9.500 habitantes em todo seu vasto território. Desde a sua fundação em município-distrito, sofreu vários desmembramentos.  Em 1961, para formação dos municípios de Lago Verde (Lei nº 2.157, de 30 de novembro), Olho d’Água das Cunhãs (Lei nº 2.158, de 30 de novembro), e São Mateus do Maranhão (Lei nº 2.170, de 26 de dezembro). 

Entre o final da década de 1930 até a década de 1960, constituiu-se a fase áurea da economia regional de Bacabal. O carro chefe foi uma indústria francesa, estabelecida na cidade vizinha de São Luís Gonzaga, que se dedicava à compra e venda de algodão, exportado através da hidrovia do Rio Mearim. Em razão da Segunda Guerra Mundial, o Cotoniére Brasil Cia Ltda. foi vendida para a empresa brasileira Chames Aboud e Companhia, de propriedade de Wady Aboud e seus filhos César e Alberto Aboud. Em função desse movimento, Bacabal torna-se centro comercial e de produção, com um porto de muito movimento, atraindo muitos migrantes nordestinos. A firma dos Aboud possuía filial em Bacabal. 

Em 1931 é inaugurada a iluminação elétrica, com sua primeira usina substituída por outra mais possante, estando atualmente, sob responsabilidade das Centrais Elétricas do Maranhão - CEMAR.

No ano de 1938 a Vila de Bacabal é elevada à categoria de Cidade pelo Decreto-Lei número 159, de 06 de dezembro de 1938.

Endossa o historiador Neto (1980), supra citado, que até o final da década de 40, os índios passavam sempre por Bacabal ao viajarem para São Luís, através de embarcações, para visitar o "Pai Grande", que era a forma como tratavam o Governador do Estado do Maranhão. Portanto, até a década de 1940, antes da construção da estrada BR 135 e 316, a viagem de Bacabal para São Luís, capital do Estado, era feita basicamente de lancha e durava em média uma semana. Em 1945, Alceu Pedreiras Martins, por indicação do Interventor Estadual Paulo Ramos, é nomeado Interventor Municipal em Bacabal. 

Em 1966, um dos candidatos a Prefeito de São Luís Gonzaga, de nome Bete Lago, teve impugnada a sua candidatura por residir em Bacabal. 

Aspectos relacionados a saúde: Quanto à saúde pública, existiu em Bacabal o hospital Santa Terezinha, com especialistas e clínicos gerais. Chegou a possuir 40 leitos, e estava instalado em prédio especialmente construído para esse fim. A população conta, ainda, com três postos de saúde, sendo um deles de propriedade da Paróquia de São Francisco, inaugurada em junho de 1970. 
Já na década de 1970 o Município dispunha de cinco médicos, quatro dentistas, cinco farmacêuticos e 12 enfermeiros. Havia, nesse mesmo período cerca de 20 farmácias e drogarias em funcionamento.

Aspecto religioso: Na cidade o culto católico, até aproximadamente os anos 80, era praticado em 13 templos entre os quais a Catedral de Santa Terezinha, matriz de São Francisco das Chagas, cuja paróquia tem jurisdição sobre as capelas das cidades de Santa Inês, Olho D’Água da Cunhãs e Lago Verde, Igreja de Sant’Ana e 15 capelas. Entre as igrejas protestantes citavam-se a Batista que foi Pioneira, a Adventista do 7º Dia e a Assembleias de Deus.

Referências Bibliográficas:

DACOSTA, Lamartine. (ORG.). Atlas do Esporte no Brasil.  Rio de Janeiro: CONFEF, 2006.
MONTEIRO, Raimundo Flor. As contribuições da Trizidela para Cidade de Bacabal. 2013

Observações:

Pedagogo (UEMA). Mestre em Educação (UFMA). Especialista em Gestão de Recursos Humanos (UCAM). Engenheiro Mecânico Industrial (IFMA). Especialista em Historiografia Brasileira (IGUAÇU). Foi Instrutor de Ajustagem Mecânica, Tornearia Mecânica e Higiene e Segurança no Trabalho no SENAI-MA, no período de 1976 a 1989. Foi Coordenador Pedagógico do SENAI- Bacabal/MA, no período de 1980 a 1996, quando foi transferido para o SENAI/DR/MA em São Luís, onde ocupou os cargos de Supervisor Pedagógico, Gerente de Educação e Assessor Técnico da Direção Regional no período de 2007 a 2016. Período em que foi também membro do Comitê Técnico Nacional do SENAI/DN.