quinta-feira, 29 de junho de 2017

A POLÍTICA DOS RESTAURANTES POPULARES NO MARANHÃO


A POLÍTICA DOS RESTAURANTES POPULARES NO MARANHÃO
Por Raimundo Flor Monteiro

Dia 21 de junho o governador Flávio Dino publica em sua página do Facebook: mais uma conquista do nosso governo: estamos chegando ao TRIPLO de restaurantes populares que herdamos. Rede de segurança alimentar eu vi
acompanhando uma reportagem do blog de J.M Cunha Santos (http://jmcunhasantos.blogspot.com.br/2017/06/novo-restaurante-popular-do-maiobao-e.html?spref=tw&m=1): "Carne assada, dobradinha, arroz, feijão branco, farofa com carne e saladas fizeram parte do cardápio de reinauguração do Restaurante Popular do Maiobão nesta terça-feira (20). 

A refeição completa e balanceada ao valor de R$ 2 recebeu elogios de todos os públicos, inclusive das crianças. Carlos Augusto, de 9 anos, faz questão de se alimentar todos os dias no restaurante. “Eu gosto mais da comida daqui do que a da minha mãe e ainda tem suco e fruta”. 

Adeu Barros, professor e amigo meu da cidade de Açailândia comenta: "Aqui em Açailândia tem um proprietário de uma lanchonete localizada dentro da rodoviária, o mesmo tem várias kitnets na cidade, e todo dia almoça no restaurante popular", que tal?

Nos preocupa os alarmantes índices de pobreza que se multiplicam exponencialmente no Maranhão, no Brasil e no mundo. Nós do Maranhão elegemos um governo do PC do B, socialista por natureza, para implantar políticas públicas de redução, até a completa extinção da miséria que assola a maioria do nosso povo. O que estamos vendo, em alguns casos, é a apropriação pelo atual governo, das políticas paleativas de seus antecessores, politicas como as de suprimento imediato da falta de comida de caráter populista. O problema é que essas políticas, tidas como assistencialistas, não alteram as estruturas sociais que subsidiam o funcionamento do metabolismo capitalista. Ao contrário, essa política gera, cada vez mais, um exército de zumbis famintos e dependentes de comida diuturnamente, ou seja, de manhã, à tarde e a noite.
Aberta ao público das classes D e E, que se encontram em alto risco de passar forme, esses restaurantes atraem grande numero de pessoas, cuja renda, estão acima da identificação de pobreza da classe d e E. Desse modo, sem critério de acesso ao alimento se pode contar com milhares de aproveitadores, ou seja, pessoas que tem condições de ase alimentarem, mas, por comodismo e apropriação indébita, comem a comida destinada aos miseráveis. deixando sem comida alguns de seus prioritários consumidores.

Num sistema altamente excludente como esse, onde a voracidade de acumulação do capital se torna a cada dia mais predador, a prática do dá o peixe, pelo governo, gera uma cultura da acomodação num batalhão de cidadãos. Desprotegidos das oportunidades históricas, não geradas por um Estado omisso, esses cidadãos a quem tudo lhes foi negado, adquirem o habito de ser e se sentirem incapazes. Não porque queiram, mas sim pela real falta de manutenção política social do Estado capitalista.

Historicamente abandonados, enquanto legado de políticas vitorinistas e sarneistas, a maioria da população maranhense pertence a geração que nasceu e se desenvolveu no seio dos governos de Vitorino Freire, em governador do Maranhão da década de 40 e 50 e do eminente presidente Sarney. Apesar do discurso progressista desses governos, esses grupos sempre negaram a educação com fator de geração de uma consciência existencial e política crítica para os cidadãos maranhenses. Porque chamo de consciência existencial? A maioria dos cidadãos maranhenses, mais de 51% analfabetos, atribuem a si seu próprio fracasso, conforme preconiza os valores ideológicos do capitalismo. Eles não entendem que foi a omissão, negligencia, irresponsabilidade e a maldade do Estado populista, assistencialista de pequenas causas que os levou a fome, ao analfabetismo, a miséria e a indigência. Foi para salvaguardar os seus interesses escondidos num status quo de grandes fortunas e acumulação do capital, que esse modelo tornou-se permanentemente hegemônico na política econômica mundial, local e regional.

O que o PC do B, na contramão da história capitalista deveria fazer, era atuar nas bases do sistema, ou seja, educação emancipadora, saúde, trabalho, moradia, transporte, segurança dentre outros lócus de atuação. Combater as variáveis que geram o atraso é perfeitamente possível, basta identificar esses elementos causais e elabora e desenvolver projetos sociais, dentre eles podemos destacar as mais fortes determinações do atraso: o analfabetismo de letras, o analfabetismo funcional, promover o acesso universalizado para a educação básica e educação profissional, nos moldes da politecnia em Marx, articulada com a saúde, ecologia, educação para o transito (que mata mais do que uma guerra civil), cultura, esportes e artes, etc. Não obstante, isso não teria sucesso sem projetos sociais de serviços e de produção voltados para priorizarem as nossa riquezas ecológicas, minerais, rurais, e de agricultura, agroindústria, turismo e demais recursos naturais abundantes nas diferentes regiões do Maranhão.
Os projetos contariam com o aval do Estado, com recursos financeiros, para gerar trabalho e renda. A concepção, implantação e coordenação ficariam a cargo da UFMA e UEMA, afinal as universidades, simbolo da inteligencia não podem se conservar isoladas das suas funções sociais, se não o ensino, pesquisa e extensão será sempre uma negação de seu papel principal sempre negligenciado pelos intelectuais megalomaníacos, hedonistas e terrivelmente chegados a lei do menos esforço, salvo raras exceções.

Portanto, concluo que os restaurantes populares pertencem ao conjunto das políticas públicas paternalista e assistencialistas de caráter populista que resolve momentaneamente a fome daqueles que estão em risco de vida imediato pela fome. Porém, a médio e longo prazo os conservará na desgraça que é a pobreza e a miséria. Como dizia Luis Gonzaga e Zé Dantas "o homem não precisa de esmola, precisa sim de um trabalho que lhe dê dignidade" ou ainda "uma esmola dada a um home sã lhe adoce ou lhe mata de vergonha".

29/06/2017

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