O QUE
HÁ POR TRÁS DO PACTO PELO MARANHÃO?
Por
Raimundo Flor Monteiro.
Escrito
em 29/07/2015.
Li no jornal Itaqui Bacanga a matéria “pacto pelo Maranhão” da autoria do Deputado Federal e ex governador José Reinaldo Tavares, que escreve textos aos domingos. Na matéria o ex governador fez um apelo ao ex presidente José Sarney propondo-lhe “união de importantes forças políticas em torno de projetos fundamentais para o desenvolvimento do Estado” e assim tirar o Maranhão da situação de pobreza em que historicamente tem convivido nestes 50 longos anos de dominação do clã Sarney em nosso Estado. Em seguida o ex governador cita que o Estado do Ceará que, no passado, alavancou o seu desenvolvimento econômico na coleta de frutos de um pacto dessa espécie. E, ainda enfatiza que países só se desenvolveram com pactos dessa natureza como o de Moncloa na Espanha.
Enquanto
cidadão fiquei surpreso com a sensibilidade e o desejo do ex governador de
acolher a abraçar o nobre ex presidente José Sarney seu antigo mentor e aliado
político. Mais surpreso fiquei ainda com as ideias contraditórias do ex
governador. Ao propor um pacto ao ex presidente José Sarney o ex governador
José Reinaldo demonstra, a meu ver, que não acredita que o PC do B, no comando
da máquina estatal, pode a curto, médio, ou longo prazo reverter o quadro de
profunda miséria em que se encontra o Maranhão. Portanto, J. Reinaldo anuncia um
manifesto público de descredito nos ideias do PC do B, historicamente
representado pelo Governador Flávio Dino que tem como aliado o PT no comando do
estado brasileiro através da presidenta Dilma Roussef. Não obstante, o Deputado
Federal José Reinaldo demonstrou ter esquecido precocemente os antecedentes
históricos do seu mestre o ex-presidente José Sarney. Alias antecedentes
históricos do qual o próprio Jose Reinaldo ajudou a protagonizar como Ministro
dos Transportes do Brasil do Governo do presidente Sarney no período de 1986 a 1990. Um período de 04 anos
em que a situação de pobreza do Maranhão permaneceu intacta.
Como diria o velho e bom Marx
(1998) na interpretação de Bogdan Suchodolski, J. Reinaldo esqueceu
que na realidade política concreta, no Maranhão, as aparências escondem as
essências. Se não vejamos, se durante 50 longos anos de protagonismo político o
ex-presidente Sarney aparentou, sempre nos braços dos maranhenses, estar
objetivado a mudar a situação de pobreza do Maranhão e não o fez é porque na
essência nunca teve como objetivo precípuo de buscar recursos e articular
políticas públicas que rompessem com os grilhões da miséria e pobreza do povo maranhense.
É ingenuidade pensar que vai ser agora, frente a um oponente que subtraiu-lhe a
condição de mandatário mor do Maranhão, que ele vai se compadecer e cooperar com
seu ex- discípulo e hoje desafeto José Reinaldo?
Contradizendo-se com o que afirmou no início do texto J. Reinaldo
afirma que não se trata de pacto político e sim de tentar elencar um grupo de
projetos estruturantes para que possa pular as etapas que apenas nas
aparências, durante 50 anos, era desejo de todos os políticos maranhenses ultrapasá-las.
Inclusive o próprio J. Reinaldo, em especial no período em que foi governador do Maranhão, de 2002 a
2006, e não o fez. Sarney sairá do seu pedestal de protagonista para coadjuvar
o Deputado Federal J. Reinaldo, filho rebelde de suas orientações ideológicas?
Ao propor a adesão de Sarney em
seu unilateral grupo de trabalho o ex governador esqueceu de consultar o
governador Flávio Dino e seu grupo se estaria de acordo com a formação dessa
frente. Com isso, no mínimo, J. Reinaldo demonstrou falta de cordialidade para
com o governador Flávio Dino e o seu grupo de políticos de esquerda maranhense,
que pela primeira vez demonstrou topete para derrotar o prestigio de Sarney,
prestigio este que agora J. Reynaldo exacerba com tenta veemência. Flávio Dino
e seu grupo de coligados aceitariam submeter-se a batuta de J. Sarney apenas
para nega que historicamente se acham incapazes de transformar o Maranhão?
Para encerra o quadro de
contradições José Reinaldo, pousando de democrata cristão, sob a afirmativa “não
serei eu a ganhar nada me arriscando assim” só o faço pelo povo Maranhense. O
ex governador volta a suas origens ao negar sua capacidade política de
articular-se junto aos grupos políticos que historicamente venceu as eleições no
Maranhão? Mas, e politicamente, J. Reinaldo se declara incapaz de com seus contemporâneos
de governo equacionar e resolver os cruciais problemas do Maranhão? E que só se
torna possível resolver ante a contribuição do império de Sarney?
Caro Deputado José Reinaldo reveja
seus ideais e valores, sob pena de continuar enxergando as aparências que
ocultam as essências dessa realidade política na qual a vítima é povo
maranhense. No real você quer entregar o cetro do oprimido vencedor ao opressor
derrotado. Meu caro ex governador J. Reinaldo, aquele que em escrutínio secreto
depositei meu voto, você foi infeliz na escolha do momento histórico para
contradizer o próprio Voltaire “os fins justificam os meios”. Lembre-se, somos
nós do PC do B que estamos no poder.
Raimundo F. Monteiro
Mestre em educação
UFMA