P/RFMonteiro.
A primeira significa um
mundo onde a “desmagificação” fez acontecer a perda de sentido, da graça e do
encanto do mundo; o segundo momento se dá por um processo de intelectualização,
certificação da burocratização formal ao qual estamos submetidos nos últimos
séculos. A razão instrumental adicionada aos meios técnicos, suplantaram a
mística da magia e esta da religião que habitava, desde os primórdios, o nosso
inconsciente coletivo. Fomos bombardeados e desencantados com tamanha força
pela burocratização, fruto da racionalidade cientifica e pela desmistificação
do sagrado que muitos perdem a graça de viver.
Pelo exposto, com base em
Pierre Levy (2000) e Manuel Castell (1999), podemos conjecturar que hoje, por
decorrência da globalização e consolidação da era digital, o desencantamento
veio mais forte sobre nós a medida que como Pierre Levy previa um encantamento
oriundo do acesso ao conhecimento pelas massas, no conceito de
"inteligência coletiva" e "cibercultura" hoje vigente pelas
redes sociais digitais, que disponibilizaria e promoveria o conhecimento para
todas classes sociais com enorme crescimento da fértil idealização do novo
mundo embalado pelo "saber" e pelo "conhecimento", gerido
que seria pelo otimismo e admiração dos sonhos de pôr em pratica as douradas
utopias humanísticas, não aconteceu.
Que encanto, pura quimera de Levy e de Castell. O que surgiu das TICs foi mais um novo e arrebatador fator de desencantamento muito mais cruel. Neste contexto, foi gerado no interior das redes sociais, por criação ilegal desregulamentada de fake news, inspiradas e nascidas do seio da direita extremista emprenhada pelo ódio, extremismo, negacionismo e da completa oposição ao humanismo e até a qualquer ato fértil que vá ao encontro de solidariedade humana, comum ao processo civilizatório humanizado. Um completo desencanto provocado pelo resgate do fascismo, neonazismo e do autoritarismo, nos desanimando e nos desencantando, nos deixando boquiabertos e abatidos diante da dura e cruel realidade que nos faz pessimistas, desiludidos e descrentes no futuro. Uma lástima. A violência simbólica ganha dimensões antes só vista no fascismo e no nazismo. Não há mais dúvidas, estamos em processo de regressão de conquistas civilizatórias a muito consagradas, como por exemplo: mãe que se abstém de vacinar os filhos; alteração de leis pelo congresso nacional que retiram a sociologia e a filosofia do currículo escolar da educação básica; negação da ciência; falta de solidariedade humana no que tange a perdas de vidas humanas; negação do estado de direito e dos direitos humanos; negação da história diante das próprias vitimas; negação da arte e da cultura, etc.
Nos meus 6.8 anos, passei a ver diariamente tantas incompreensões, intolerâncias e discriminações etnocêntricas locais e regionais, propagadas com um rancor e ódio assustador.
REFERÊNCIAS:
Weber, Marx. Sobre algumas categorias da sociologia compreensiva"
(Artigo1910).
Weber, Marx. A ética
protestante e o espírito do capitalismo" (1920).
Costa, Maria Cristina Cartilho. Sociologia - Introdução a ciência da sociedade. 3ed, SP - Moderna,
2005
ManueI Castells. A sociedade
em rede traduzido: Roneide Vemncio/atualizado para 6a edição: Jussara Simõess. São Paulo: Paz e Terra,1999.
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