terça-feira, 7 de janeiro de 2025

O DESENCANTO DO MUNDO EM WEBER E A ASCENSÃO DA EXTREMA DIREITA

                                                                                                                                  P/RFMonteiro.

         Na obra de Max Weber (1864-1920) endossada em Costa (2005), se pode interpretar e depreender "o desencantamento do mundo" como um conceito central da modernidade. "Weber considera dois momentos do desencantamento do mundo: o desencantamento da religião (que sufocou a magia) e o desencantamento provocado pela ciência (que por sua vez sufocou a religião)".

A primeira significa um mundo onde a “desmagificação” fez acontecer a perda de sentido, da graça e do encanto do mundo; o segundo momento se dá por um processo de intelectualização, certificação da burocratização formal ao qual estamos submetidos nos últimos séculos. A razão instrumental adicionada aos meios técnicos, suplantaram a mística da magia e esta da religião que habitava, desde os primórdios, o nosso inconsciente coletivo. Fomos bombardeados e desencantados com tamanha força pela burocratização, fruto da racionalidade cientifica e pela desmistificação do sagrado que muitos perdem a graça de viver.

Pelo exposto, com base em Pierre Levy (2000) e Manuel Castell (1999), podemos conjecturar que hoje, por decorrência da globalização e consolidação da era digital, o desencantamento veio mais forte sobre nós a medida que como Pierre Levy previa um encantamento oriundo do acesso ao conhecimento pelas massas, no conceito de "inteligência coletiva" e "cibercultura" hoje vigente pelas redes sociais digitais, que disponibilizaria e promoveria o conhecimento para todas classes sociais com enorme crescimento da fértil idealização do novo mundo embalado pelo "saber" e pelo "conhecimento", gerido que seria pelo otimismo e admiração dos sonhos de pôr em pratica as douradas utopias humanísticas, não aconteceu.

Que encanto, pura quimera de Levy e de Castell. O que surgiu das TICs foi mais um novo e arrebatador fator de desencantamento muito mais cruel. Neste contexto, foi gerado no interior das redes sociais, por criação ilegal desregulamentada de fake news, inspiradas e nascidas do seio da direita extremista emprenhada pelo ódio, extremismo, negacionismo e da completa oposição ao humanismo e até a qualquer ato fértil que vá ao encontro de solidariedade humana, comum ao processo civilizatório humanizado. Um completo desencanto provocado pelo resgate do fascismo, neonazismo e do autoritarismo, nos desanimando e nos desencantando, nos deixando boquiabertos e abatidos diante da dura e cruel realidade que nos faz pessimistas, desiludidos e descrentes no futuro. Uma lástima. A violência simbólica ganha dimensões antes só vista no fascismo e no nazismo. Não há mais dúvidas, estamos em processo de regressão de conquistas civilizatórias a muito consagradas, como por exemplo: mãe que se abstém de vacinar os filhos; alteração de leis pelo congresso nacional que retiram a sociologia e a filosofia do currículo escolar da educação básica; negação da ciência; falta de solidariedade humana no que tange a perdas de vidas humanas; negação do estado de direito e dos direitos humanos; negação da história diante das próprias vitimas; negação da arte e da cultura, etc.

Nos meus 6.8 anos, passei a ver diariamente tantas incompreensões, intolerâncias e discriminações etnocêntricas locais e regionais, propagadas com um rancor e ódio assustador.


REFERÊNCIAS:
Weber, Marx. Sobre algumas categorias da sociologia compreensiva" (Artigo1910).

Weber, Marx. A ética protestante e o espírito do capitalismo" (1920).

Costa, Maria Cristina Cartilho. Sociologia - Introdução a ciência da sociedade. 3ed, SP - Moderna, 2005

ManueI Castells. A sociedade em rede traduzido: Roneide Vemncio/atualizado para 6a edição: Jussara Simõess. São Paulo: Paz e Terra,1999.

Bembem, Angela Halen Claro. Inteligência coletiva: um olhar sobre a produção de Pierre Lévy. Perspectivas em Ciência da Informação, v.18, n.4, p.139-151, out./dez. 2013

LÉVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2003.

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