EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL E NANOTECNOLOGIA NO SENAI-MA?
Por
Raimundo Flor Monteiro
A evolução
da ciência, da microscopia eletrônica e da manufatura são fortes determinantes
causais do atual modo de produção flexível. Portanto, são determinantes para que
o SENAI potencialize qualitativamente seu modo de formação profissional. Para
tanto, educar um novo profissional capaz de responder eficazmente a novos processos,
produtos e serviços, em escala industrial, no campo da nanociência que se vetoriza
em escala exponencial.
A
nanotecnologia é hoje uma realidade nos diversos tipos de indústria que vai da indústria
de alimentos até a do vestuário. Torna-se óbvio que se o SENAI é um provedor de
soluções para os problemas da indústria, então, no que tange a necessidade da indústria
de formação de técnicos especializados, deve formá-los com conhecimentos que
abrangem a nanotecnologia.
Segue
alguns requisitos: como a nanociência está distribuída em vários campos do
saber, então cada estudante do SENAI deve ostentar as competências necessárias
ao pronto desempenho em atividades que requer a inserção da nanotecnologia; quais
dos muitos fenômenos que ocorrem na natureza são explicados pela nanociência e
podem ser potencializados; então, a nanociência é o mundo que acontece entre os
átomos e as moléculas; e, se a tecnologia é a aplicação prática da ciência em
produtos e serviços então a nanotecnologia é resultante da aplicação prática da
nanociência que produzirá nanoprocessos, nanoprodutos e nanoserviços. Tá claro?
Nano
é um prefixo grego “nannós” e sinifica diminuto, pequenez. Um nonometro (nm)
corresponde a bilionésima parte do
metro. Assim, a nanociência é o mundo que acontece minúsculo mundo dos átomos e
moléculas e a nanotecnologia é a manipulação real, aplicação e uso de objetos,
produtos e serviços de tamanho nanométrico em diversos campos do conhecimento e
da produção.
Há
fenômenos da natureza que se manifestam e que somente podem ser explicados
através da nanotecnologia, como por exemplo: como as lagartixas sobem tão
facilmente nas paredes; a beleza da variedade de cores das borboletas subjaz a
nanociência; a característica da flor de lótus de não absorver líquidos; o mistério
da luminescência dos vagalumes. A partir da explicitação de fenômenos da nanociência
podemos gerar industrialmente processos, produtos e serviços úteis aos serem
humano. Essa determinante da produção industrial constitui um vetor que atua
diretamente nas escolas do SENAI obrigando os pedagogos e os técnicos a incluírem,
em caráter de urgência, esses conhecimentos nos currículos e programas, uma vez
que o perfil profissional do formando se altera.
O Departamento Regional do SENAI e a Superintendência do SESI de São
Paulo saíram na frente com o programa de Educação em Nanociência e Nanotecnologia
em todos os níveis de educação, que inclui os discentes do fundamental e médio
do SESI-SP e dos cursos técnicos do SENAI-SP. Ricardo Terra, diretor técnico do
SENAI-SP que dirige o programa afirma que “para além de uma tabela periódica em
que combinações de elementos geram moléculas”. Hoje, uma nova dimensão do
conhecimento “nano” permite criar novas moléculas não existentes, abrindo
possibilidades para adentrar a uma novíssima dimensão do conhecimento, até
então desconhecida. Desconhecida em termo, uma vez que as grandes potências hegemônicas
EUA, Alemanha e França são protagonistas nesse campo. Dessa forma, se não nos
apressarmos, mais uma vez, estaremos correndo o risco de perdemos o trem da
história. Esse imperativo categórico (Kant) impõe as escolas técnicas e
universidade do Brasil o dever de bem forma o nosso capital intelectual, seja
de educação profissional de nível técnico ou de nível tecnológico com a
inserção curricular da nanociência e da nanotecnologia.
Assim,
compreender a hidrofobia da flor de lótus, bem como a percepção das cores da
asa da borboleta dos fenômenos de reflexão e reflação na estrutura molecular
culminando no processo de iridescência, dentre outros processos que ocorrem no
mundo da nanociência que são descobertos gerando a nanotecnologia em diferentes
áreas do saber humano.
Inserção
curricular da nanotecnologia
R.Terra
(2013, p.31) explicita que no âmbito do SESI-SP, na pré-escola, o 1º passo é
aprender os conceitos de nanotecnologia. No ensino fundamental está distribuído
nas aulas de ciências que conta com a um recurso didático, um DVD, desenvolvido
em parceria com a universidade do Taiwan. No ensino médio ocorre pela aplicação
do tema na área da ciência do 10 elevado a menos nove com impacto direto na vida das pessoas uma vez
que se trata de processos e produtos. No
âmbito do SENAI-SP acontece pela inserção de um itinerário formativo inicial de
20h possibilitando a imersão teórico-prática em nanotecnologia.
Impacto
econômico da nanotecnologia
Para
Paulo Skaf (2013, p. 35) a expansão da nanotecnologia no mercado de produtos da
ordem de US$ 135 bilhões em 2007, com probalidade de alcançar mais de US$ 263
bilhões ou mais nos próximos anos. A partir de 2015 o mercado mundial estima um
fluxo de capital da ordem de US$ 3,1 trilhões. Sua aplicação dar-se na produção
de produtos e serviços têxteis, novos materiais, medicamentos, alimentos, indústria
automotiva e aeroespacial. No cenário, apenas integramos o grupo dos 35 países líderes
no segmento. Entre os BRICs estamos atrás da Rússia, China e Índia.
A exemplo do Departamento Regional de São Paulo,
o SENAI, Departamento Nacional deve, de imediato, gerar as condições corporativas
de caráter institucional, para incluir nos itinerários formativos do SENAI a
unidade curricular de nanociência e nanotecnologia, com vistas a ampliar
qualitativamente a formação dos jovens e adultos para o mundo do trabalho.
A
inserção da nanotecnologia no currículo dos cursos técnicos representa um
diferencial competitivo para o SENAI enquanto maior instituição formadora de
jovens e adultos para o trabalho industrial no Brasil. É este diferencial competitivo
que nos permitirá oxigenar nossos mantenedores para, aos poucos, superarem
fortes concorrentes detentores tecnológico de um know how considerável. São os
detalhes da formação profissional qualitativa que nos manterão na hegemonia e
no respeito que a sociedade brasileira tem por nós do SENAI.
Para
além do Desenho Curricular, um projeto institucional, incluindo todos os
regionais, de desenvolvimento competitivo demandará um investimento maior em ciência
e tecnologia, como condição efetiva para a universalização dessa nova dimensão
de conhecimento na educação profissional. Aparelhar o sistema educacional do SENAI
com infraestrutura física, laboratorial e humana torna-se condição sine qua non. Incluir a nanociência nos
cursos técnicos do SENAI significa sair da zona de conforto cultural, social e
do mundo do trabalho para nos darmos condições de formar jovens capazes de
enfrentar, no seio do trabalho, os forte concorrentes da indústria internacional
nesse mundo globalizado.
SOMO
TODOS SENAI! Um forte abraço!!
Raimundo Flor Monteiro
Especialista
em Educação Profissional
SENAI-MA
Referenciais
LD.
Linha Direta. Inovação-Educação e Gestão. Edição 184. Ano 16. Julho de 2013
http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/ciencias-exatas-informatica/nanotecnologia-687230.shtml